Ativismo e Paz, Poesia
Menos que poeta
Não podemos ser
Neste mundo novo
Que está aí a acontecer
Há que ser poeta
Para parar
E olhar
E ver
E ficar
Permanecer
Até o movimento dentro
Se (re)ge(ne)rar em nós
É de maravilha e espanto
Que o novo emerge
Sobre o antiquíssimo
Pois tudo é sempre essoutra coisa
Matéria de criação
Criação manifestada
Ao bater do coração
Numa cadência encantada
Menos que poeta
Não dá para assinar
Os manifestos de ação
Que rodam de par em par
Há que ser poeta
Para não tanto só um tanto entender
Mas o tudo e o todo sentir
E nesse sentido fluir
Ser braço de asa
Em pura expressão
Da centelha indizível
Indescritível
Indestrutível
Que nos há-de guiar
Cada necessária
Pungente
Vibrante
Amorosa
Inexorável
Ação
Menos que poeta
Não dá para ser em paz
Com os outros e o planeta
Numa harmonia capaz
Há que ser poeta
Para glosar o infinito
E em tudo pousar
Nosso plácido sorriso
Com aquela paz
Aquela luz
Aquele passo(in)seguro
De animado desnorte
Que norteia a sorte
De quem já se encontrou
E a jusante de quimeras
Bebe o cálice real
E diz, presente
Eu Sou
Menos que poesia
Não é, enfim, a própria vida
Que nos deu esplêndido voo
E uma asa partida.