Tema


O momento parece exigir-nos, mais do que nunca, a conjugação destas poderosíssimas forças para mudar o mundo.

Por um lado, o ativismo, eterno guardião do 'estado de alerta' (que nos mantém despertos), do envolvimento direto (que nos legitima) e da vontade expressa (que muda as coisas).

Por outro lado, a paz, eterna guardiã dos necessários equilíbrios num mundo que tanto nos desafia à superação constante como no-la impede (cada vez mais) habilmente.

Paz, como capacidade de foco interior, centramento de e em 'si' - porque, afinal, só existe uma coisa que garantidamente nós podemos mudar: a nós mesmos.

Ativismo, como capacidade de foco exterior, centramento no campo e contexto - porque, afinal, só existe uma mudança a que garantidamente nós podemos aspirar: a coletiva.

Rita Fouto, FAREDUCA


One Planet, one Health
Making Peace with the Earth

No Dia Mundial da Terra, uma importante mensagem surge, a qual desde já associamos ao tema desta edição do EARTHfest.



Um Planeta, uma Saúde
Fazendo as Pazes com a Terra

No Dia da Terra, 22 de abril de 2020, a Navdanya International, Naturaleza de Derechos, Health of Mother Earth Foundation – HOMEF, com mais de 500 organizações de 50 países, redes e indivíduos de todo o mundo, lançou um Manifesto Planetário e um pedido de ação urgente que coloque a saúde e o bem-estar de todos os povos e do planeta no centro de todas as políticas governamentais e institucionais, na construção de comunidades e ações cívicas.

A versão completa encontra-se no link acima. Abaixo disponibilizamos a versão síntese do vídeo.


Um Planeta, Uma Saúde
Um apelo à ação e à transformação

Está na hora de abandonarmos os nossos sistemas económicos intensivos, em recursos e lucros, que têm causado inominável dano ao nosso mundo, corrompendo os ecossistemas do planeta e minando os sistemas sociais de saúde, justiça e democracia.

A pandemia do Coronavírus e o consequente colapso económico global - e o colapso de vidas e meios de subsistência de milhões de pessoas - chama-nos à tomada de medidas urgentes.

Vamos preparar-nos para uma recuperação pós-Corona, onde a saúde e o bem-estar de todos os povos e do planeta estejam no centro de toda e qualquer política: governamental e institucional, de construção de comunidade e de ação cívica.

As ações para plantar as sementes de uma nova Democracia Terrestre incluem:

1. Promover e proteger a riqueza da biodiversidade nas nossas florestas, campos agrícolas e alimentos, para impedir a destruição da Terra e a sexta extinção em massa.

2. Promover alimentos locais, orgânicos e saudáveis, através de sistemas alimentares com biodiversidade local e culturas e economias de cuidados (mercados de agricultores, biodistritos, etc).

3. Parar de subsidiar a agricultura industrial e os sistemas agrícolas prejudiciais à saúde, que agravam os impactos negativos sobre o planeta aumentando a carga de doenças. Os subsídios públicos devem ser redirecionados para sistemas baseados em agro-ecologia e conservação da biodiversidade, que proporcionam benefícios à saúde e protegem os bens comuns.

4. Assumir, como política de ação climática real, a suspensão dos subsídios e investimentos adicionais aos combustíveis fósseis, incluindo as produções agrícolas baseadas em combustíveis fósseis.

5. Parar de favorecer a 'junk food industrial' e os sistemas de alimentos não saudáveis, produzidos ​​com base em produtos tóxicos e nutricionalmente vazios.

6. Pôr fim às monoculturas, à manipulação genética de plantas e à criação industrial de animais, que estão a disseminar agentes patogénicos e a aumentar a resistência aos antibióticos.

7. Parar a desflorestação, que se está a expandir exponencialmente através de monoculturas industriais que servem interesses corporativos. As florestas são os pulmões da Terra.

8. Praticar a agricultura sustentável, com base na integração da diversidade de culturas, árvores e animais.

9. Salvar, cultivar e reproduzir variedades de sementes tradicionais para proteger a biodiversidade. Elas precisam de ser salvas, não como peças de museu em bancos de germoplasma, mas em bancos de sementes vivas, como base de um sistema de saúde.

10. Criar zonas livres de veneno, compreendendo as comunidades, os campos agrícolas e os sistemas alimentares.

11. Introduzir políticas para avaliar os custos dos danos à saúde e ao meio ambiente causados ​​por produtos químicos e decretar o princípio do poluidor-pagador. A saúde deve ter prioridade sobre os interesses corporativos, no que diz respeito ao uso de produtos químicos e pesticidas em alimentos e na agricultura. O princípio da precaução deve ser promulgado.

12. Fazer a transição da globalização para a localização, desglobalizando-nos permanentemente. Parar a aquisição corporativa dos nossos alimentos e saúde.

13. Introduzir economias circulares locais que aumentam o bem-estar e a saúde das pessoas.

14. Apoiar, regenerar e fortalecer comunidades.

15. Criar 'Jardins da Esperança', 'Jardins da Saúde', em todos os lugares: em hortas comunitárias, instituições, escolas, prisões, hospitais nas cidades e no campo. 

16. Parar de utilizar o 'crescimento' e o 'PIB' como medidas da saúde da economia. O PIB baseia-se na extração de recursos da natureza - e na extração de riqueza da sociedade.

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